sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres ocupam cada vez mais espaço no setor de transporte

No dia delas, a CNT entrevistou quatro motoristas, que ajudam a conduzir o Brasil. 

Elas são conhecidas pela delicadeza, simpatia e organização no trabalho. Características atribuídas ao gênero feminino. Nada demais, não fosse a função que exercem. No setor de transporte, essas particularidades são um diferencial. Tanto que, apesar de ainda serem minoria, ocupam cada vez mais mais espaço na direção de caminhões, ônibus e táxis.

No Dia Internacional da Mulher, a Agência CNT de Notícias entrevistou quatro destas personagens, que ajudam a conduzir o Brasil ao seu destino. Nessas histórias, uma coincidência chama a atenção: todas saíram do backstage para o palco principal.

Cristiene Fernandes Mota, 28 anos, é Cris_07032013.jpgum exemplo. Há seis anos na Braspress, empresa de transporte de encomendas, ela viu na profissão de motorista uma chance de crescer na companhia. Trocou a rotina na recepção da filial de Brasília pelas ruas da cidade. Se antes o dia a dia era resumido ao atendimento ao cliente, hoje é ela quem faz com que eles sejam bem atendidos.

“Estava fazendo concurso para motorista do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], quando nosso encarregado de frota sugeriu que eu fizesse um teste na empresa. Fiz e passei. Estou há sete meses como motorista e adoro. Na rua você conhece muita gente”, defende.

Essa possibilidade de encontrar pessoas e ouvir suas histórias também atraiu Elisabeth Alves, 33 anos, para a profissão de taxista. Assim como Cristiene, ela começou como operadora de telemarketing em uma cooperativa de táxis. Nas férias de um amigo, há quatro anos, assumiu a direção do veículo e nunca mais parou.


beth_07032013.jpg"Durante uma semana meu ex-marido foi trabalhar comigo e pedia autorização para os passageiros. No primeiro dia em que ele não foi me perdi. Chovia muito, e estava com uma passageira dentro do carro. Deu vontade de chorar, mas com o tempo a gente vai aprendendo todos os endereços”, relata.

Apesar de realizadas em frente à direção dos veículos, Cristiene, Elisabeth e Cheila, que é motorista de ônibus, tiveram que enfrentar o preconceito. Cheila Félix de Sousa, de 33 anos, lembra bem do dia em que uma passageira não quis subir em seu veículo, “porque só pegava ônibus com homens”.

“Isso foi recentemente; fiquei até chateada. Quando a senhora viu que eu era a motorista, se levantou, pediu o dinheiro para o cobrador, e desceu do ônibus. Os idosos que sempre andam comigo começaram a me defender, mas não teve jeito”, conta.

E a ressalva com as motoristas mulheres não é apenas no trânsito. Na vida pessoal, elas assumem que é mais difícil encontrar alguém e que há uma desconfiança com a profissão.

cheila_07032013.jpg“Quando você fala que é taxista rola um preconceito. Já aconteceu de eu estar namorando e ter que buscar passageiro. Mas ele ficou desconfiado. Eu dou meu telefone para os passageiros. Se eles me ligarem, tenho que atender”, justifica Elisabeth.

Cristiene também já passou por uma situação parecida. Quando conheceu o atual namorado, ele achou que ela era motorista particular. Só acreditou quando foi buscá-la no trabalho.

“Depois de dois meses de namoro ele está acostumando. Mas ele não gosta muito não, porque 90% da empresa onde eu trabalho são homens. Os meus conferentes são homens, rola ciúme mesmo”, diz. 

Liderança
Mas e liderar mais de 3000 homens, é fácil? Maria do Bonfim, 55 anos, mais conhecida como Mariazinha, sabe que não. Desde 2001, ela é presidente do Sindicato dos Permissionários de Táxi e Motoristas auxiliares do Distrito Federal. A profissão de taxista ele exerceu por um único dia, mas acabou encontrando no sindicalismo sua vocação. 

“Comecei a trabalhar no sindicato na área de serviços gerais. Quando eu fui eleita eu me perguntava se ia conseguir liderar todos esses homens.  Hoje, o que eu mais faço é incentivar outras mulheres a investirem na profissão também. Se eu for falar dessas meninas, eu digo que são nota 10. Porque são corajosas e enfrentam qualquer problema”, finaliza.


Jacy Diello
Agência CNT de Notícias

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