quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Governo vai leiloar duas ferrovias ainda este ano, afirma Mantega

Apesar das contestações ao programa de concessões públicas, o governo ainda pretende leiloar duas ferrovias e quatro rodovias neste ano, informou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, esses são os leilões mais difíceis. "Estamos ajustando os modelos para que apresentem alta rentabilidade e para que haja elevada concorrência", acrescentou.
 
O ministro esclareceu que apenas as rodovias mais rentáveis serão leiloadas neste ano e projetos considerados menos interessantes pela iniciativa privada, como a BR-262, deverão ser executados sob outros modelos, que podem variar entre Parcerias Público-Privadas (PPPs) ou mesmo como obra pública.
Mantega, que participou de dois eventos ontem em São Paulo (um na Fundação Getulio Vargas e outro promovido pela revista "Exame"), destacou, entre os leilões programados para este ano, o do campo de Libra, no pré-sal, programado para este mês. "Também vamos leiloar aeroportos e portos", afirmou. Nos dois eventos sua palestra foi semelhante. Ele destacou que foram realizados cerca de 15 leilões neste ano no setor elétrico, entre geração e distribuição de energia. Disse ainda que nas reuniões com investidores externos em Nova York, na semana passada, foi possível perceber que o apetite pelo Brasil continua, "porque o mundo continua com poucas alternativas de rentabilidade."
 
Para o ministro, o crescimento relativamente forte do Brasil nos últimos anos gerou demanda por infraestrutura, já que pouco se investiu na área desde os anos 70. Segundo Mantega, essa é uma realidade diferente da observada na China, onde a oferta de infraestrutura é maior do que a demanda, dado que o crescimento no país na última década foi bastante baseado na expansão da estrutura de capital físico.
 
"Uma vantagem das concessões no Brasil é que a demanda está implantada, ao contrário da China". Segundo Mantega, os projetos brasileiros de infraestrutura são atrativos e rentáveis, já que há uma alta taxa de retorno a longo prazo. Reafirmou que as concessões terão condições de financiamento asseguradas e que os bancos privados se interessam em participar de consórcios para investimento de longo prazo.
 
Mantega, afirmou também que a projeção do ministério para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, antes em 3%, está agora alinhada à do Banco Central, em 2,5%, conforme divulgado ontem pela autoridade monetária em seu Relatório Trimestral de Inflação. Com o avanço da economia acima do previsto no segundo trimestre, contudo, o ministro considerou que a expansão da atividade na média anual pode ficar acima do previsto.
 
"Estou tendo indicações de que a economia está melhorando gradualmente. Não é nada excepcional, mas está melhorando", afirmou. Segundo Mantega, a confiança dos agentes, que foi "arranhada" no início do segundo semestre, já está se recuperando. A reversão do pessimismo de empresários e consumidores, comentou ele, pode ser impulsionada à medida que os projetos de concessões sejam bem-sucedidos.
 
Mantega ainda ressaltou que a economia mundial, que vinha jogando contra uma retomada da atividade doméstica nos últimos anos, pode atuar em sentido contrário daqui em diante, já que EUA, Japão e até a União Europeia dão sinais de recuperação e a China parou de desacelerar. Com a trajetória mais positiva da conjuntura global e um câmbio mais competitivo, o Brasil pode se beneficiar de um mercado para exportações maior já a partir de 2014, disse.
 
Perguntado sobre a colocação do BC em seu relatório de que "hoje não se faz necessário superávits primários de ampla magnitude", Mantega respondeu que o país possui solidez fiscal, mesmo não tendo cumprido em 2012 a meta estipulada de 3,1% do PIB para o superávit primário, e mantém a tendência de redução da dívida líquida. Neste ano, de novo, o governo não deve economizar 3,1% do PIB para pagar os juros da dívida e, mesmo assim, a dívida líquida deve continuar caindo, afirmou.
 fonte: ABTC

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