quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Atraso nas obras das rodovias privatizadas prejudicará agricultores

Vão ser gastos R$ 900 mi por causa de entraves logísticos 

A concessão das principais rodovias de escoamento de grãos do país está longe de dar sossego aos produtores agrícolas. Como as obras de ampliação das estradas vão atrasar em relação ao cronograma inicial, o novo recorde na produção que será colhida enfrentará os mesmos gargalos que reduzem os ganhos das safras. A estimativa do setor é alcançar 90,3 milhões de toneladas de soja este ano, considerada a maior colheita da história. São 9,2 milhões de toneladas a mais ante a última safra (2012/2013). Apesar da boa expectativa, representantes do agronegócio estimam desembolsar cerca de R$ 900 milhões por causa de entraves logísticos que impedem o escoamento adequado das commodities.

Em Minas, a duplicação das rodovias no Triângulo Mineiro deve melhorar as condições de fluxo. Fazem parte do Programa de Investimento Logístico (PIL) as BRs 153, 050 e 262. Todas deveriam estar em obras. Mas as reformas ainda não se iniciaram. Na semana passada, o Ministério dos Transportes incluiu trecho da BR-364 ligando o estado a Goiás. Estudos indicam que somente a duplicação dela deve resultar em aumento de 66,6% no escoamento. Pela rodovia, daqui a cinco anos, quando a obra tiver sido concluída, o fluxo de soja deve ser quase três vezes maior que a atual produção do estado.

O Ministério dos Transportes prevê que 10 milhões de toneladas circulem por ano pelo trecho que vai ser concedido da BR-364, enquanto a previsão da safra para este ano no estado é de 3,8 milhões de toneladas – considerando uma safra recorde para 2014. O aumento está relacionado com a expansão da área cultivada, que passou de 1,12 milhão de hectares para 1,25 milhão.

Se boa parte do escoamento das commodities agrícolas fosse feito pelo Sul do país e não pelo Norte, o tempo gasto pelas transportadoras seria menor e os pedágios mais baratos, segundo o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira. “Se o governo federal também investisse mais nas ferrovias e hidrovias, as transportadores cobrariam menos nos fretes”, afirmou. “Nos últimos três anos, o setor teve despesas de cerca de R$ 3 bilhões devido à falta de infraestrutura”, completou.

O avanço do setor agropecuário em Minas é sustentado principalmente pelo cultivo da soja. A expectativa é de crescimento de 12,5%, justificado pela maior rentabilidade do grão, o que tem feito muitos produtores substituí-lo pelo milho. A soja tem sido beneficiada pela boa cotação nos mercados interno e externo, sendo a China o principal destino. “Em função do mercado, Minas tem ampliado a área plantada da soja. Com os preços mais atraentes, os produtores têm optado pela cultura. O estoque de milho também é recorde, com 10 milhões de toneladas disponíveis ante 1 milhão de tonelada de soja na época do cultivo”, afirma o superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez.

FONTE: ABTC

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