A concessão de 10,5 mil quilômetros de rodovia que a União pretende
realizar até o fim do primeiro semestre podem reduzir os custos
logísticos das empresas em cerca de 19%, segundo estudo realizado pela
Fundação Dom Cabral.
As empresas que dependem de transporte de longa distância no País
costumam gastar 30% a mais com custos operacionais quando utilizam
estradas em más condições de conservação. Já em rodovias administradas
pela iniciativa privada, que recebem mais investimento em manutenção, o
custo do pedágio representa para as empresas somente 11% de seus
custos.
De acordo com estudo da Fundação realizado com 126 empresas do
setor industrial que produzem cerca de 20% do PIB brasileiro, toda a
estrutura de custos logísticos representa 13,1% de sua receita bruta. A
maioria delas (54,5%) aponta a má condição das estradas como um fator
que pressiona seus custos extras.
O pacote de mudanças das regras de concessão, que inclui aumento dos
prazos de administração privada, financiamento e carência, além do apoio
de bancos estatais, "é positivo e mostra que o governo está disposto
a negociar", avalia o coordenador do estudo, Paulo Resende, do núcleo
CCR de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral.
Porém, a promessa de realização dos leilões dos mais de 10 mil
quilômetros de rodovia até o fim de junho pode não se efetivar. Na
avaliação de Resende, "os potenciais candidatos vão querer
esclarecimentos sobre o projeto", uma vez que as concessões no Brasil
não exigem uma planilha de custos como pré-requisito para o leilão. "Tem
que ter esclarecimentos sobre o projeto", defende o pesquisador.
Resende avalia ainda que os atrativos oferecidos pelo governo por
meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) precisam garantir
uma taxa de retorno acima de 7,5%, que, segundo ele, é o praticado no
exterior. Ele explica que, pelas novas regras, que estendem o
financiamento, a taxa de retorno é ampliada "do lado do tempo": "Quanto
maior o tempo de concessão, mais o fluxo de caixa futuro pode ser
trazido para o presente". Isso, segundo ele, não garante, porém, aumento
real da taxa de retorno às concessionárias. Ao anunciar as novas
regras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, estimou que a taxa seria
ampliada até 10%.
Fonte: Camila Souza Ramos / DCI
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