O mercado logístico iniciou 2013 com oportunidades de
crescimento e desafios, como o reajuste no preço dos combustíveis, que
pode desencadear aumento de preços no transporte terrestre. Atualmente, o
setor é responsável por transportar 60% do que é produzido no País.
Sendo assim, a medida traz grandes dimensões e impacta diversos setores,
já que o Brasil precisa armazenar e transportar tudo o que produz.
Estima-se que 79% de nossa safra agrícola seja distribuída por rodovia,
18% por ferrovia e apenas 3% por meio de hidrovias.
O setor de logística nacional movimenta cerca de R$ 350 bilhões por
ano e mais do que duplicou na última década. O mercado cresce, em média,
acima do Produto Interno Bruto (PIB), e o segmento de operadores
logísticos tem registrado crescimento superior ao PIB.
Em 2013 o Brasil trabalhará em ritmo acelerado nos preparativos para
os grandes eventos que sediará nos próximos anos. Também sentimos o
aumento da demanda de serviços depois do anúncio do pacote governamental
de incentivo a projetos de infraestrutura – principalmente as ações
voltadas para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
A demanda deve acelerar com o Programa de Investimentos em Logística,
que prevê, em sua primeira etapa, investimentos de R$ 133 bilhões na
reforma e construção de rodovias federais e ferrovias nos próximos 25
anos. Os projetos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
e ao pré-sal também contribuem para uma maior movimentação no mercado.
Entretanto, estima-se uma defasagem de mais de R$ 200 bilhões em
investimentos em infraestrutura logística, de acordo com a Associação
Brasileira de Logística (Abralog), já que os investimentos anunciados
recentemente não atendem nossa necessidade atual.
Apesar das expectativas e planos, os obstáculos aumentam quando
comparamos o custo logístico brasileiro, que é de 12,8% do PIB, ao dos
Estados Unidos, que está em torno de 8,2%, e o da Europa, 9%, segundo
dados divulgados pela Abralog.
Além disso, a lei 12.619, de normatização da função de motorista,
sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 30 de abril de 2012 e em
vigor desde o dia 15 de junho, certamente trará aumento nos custos das
operações. De acordo com a norma, cada viagem terá um valor adicional
gerado pelas acomodações e alimentação do trabalhador.
O impacto da legislação nos custos do transporte deverá ser de até 26%.
Para setores específicos, o percentual pode chegar a 40%. Estes custos estão sendo repassados para os clientes no valor do frete, criando um
efeito dominó que afetará toda a cadeia e, consequentemente, o
consumidor final. Segundo dados do Sindicato das Empresas de Transporte
de Cargas e Logística (Setcergs), os reajustes podem ficar entre 10% e
20% para o frete convencional.
A movimentação das riquezas produzidas em um país continental exige
infraestrutura, tecnologia, qualificação profissional e muito
investimento. Necessitamos de uma infraestrutura logística, no mínimo,
adequada às dimensões da nossa nação. Os desafios são muitos, assim
como o setor logístico brasileiro, em que tudo é superlativo.
Por: Hamilton Picolotti, presidente da Confenar – Confederação Nacional
das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição.
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