Mercado deve continuar se expandindo graças à legislação e acordos setoriais
As empresas que investiram em logística reversa antes do fechamento dos acordos setoriais já colhem os frutos das aplicações. O
Grupo TPC Logística, por exemplo, teve um crescimento de 100% na
demanda por esse tipo de serviço entre 2011 e 2012. "Por ser um serviço
relativamente novo, a logística reversa ainda não é uma fatia
representativa no nosso crescimento total, que foi de 48% no ano
passado, mas estamos muito atentos ao crescimento da demanda por essas
soluções, já que dobrou de tamanho em um ano", afirmou o vice-presidente
do Grupo TPC, Luís Eduardo Chamadoiro.
Até agora, o foco do Grupo TPC tem sido a logística reversa
pós-consumo, para empresas de e-commerce e telecomunicações, as que mais
registram prejuízos em caso de devolução de produtos ou desistência do
consumidor. Chamadoiro explicou que principal objetivo desse serviço é
impedir que os produtos percam o valor, evitando prejuízos. "Um produto
devolvido, por exemplo, ficava aberto, num canto do Centro de
Distribuição (CD), até que fosse avaliado. Quando isso acontecia, a
mercadoria já não tinha o mesmo valor. ", disse.
"A logística reversa dá tratamento imediato a esse produto para que não perca valor de venda", detalhou.
Um dos principais clientes do Grupo TPC, uma grande operadora
de telefonia celular, cujo nome não foi informado devido a um contrato
de confidencialidade, reduziu os prejuízos em até 80% depois de
implantar a política de logística reversa. "O material retorna fora de
garantia, com a embalagem danificada ou com um pequeno defeito, por
exemplo. Assim que essa mercadoria é devolvida, é rapidamente repassada
ao fabricante. É muito importante que isso aconteça com rapidez para que
o produto não perca o valor", explicou ao DCI o gerente do segmento de
Telecom do Grupo TPC, Ciro Costa. "A partir daí, o fabricante faz uma
triagem e verifica prazo de validade, uso, defeitos. Então, pode até
recusar a devolução. Até 2010, 7 entre 10 aparelhos eram rejeitados. A
TPC acelerou o processo fazendo a triagem antes do fabricante, evitando a
rejeição", disse.
Outro foco da logística reversa é a reciclagem. A JadLog, por
exemplo, já vê nesse segmento uma oportunidade de negócio maior do que a
de qualquer cliente individual da empresa, que entrega em todo o Brasil
e possui rede de 500 lojas franqueadas. Hoje, a logística reversa
representa 12% do negócio da empresa, que movimentou, ao todo, R$ 293
milhões em 2012, e já prevê R$ 325 milhões para este ano. "Atendemos
principalmente empresas de eletroeletrônicos, como Sony, Lexmark e
Positivo. Trazemos o produto estragado para consertar e levamos
consertado. Ou trazemos o cartucho de impressora vazio e devolvemos
cheio, atendendo à legislação ambiental", explicou o diretor comercial
da empresa, Ronan Hudson.
A empresa solucionou, inclusive, o problema logístico
relacionado aos postos de reciclagem. Como a maior parte desses pontos
está localizada nas Regiões Sul e Sudeste, o custo da logística reversa
no Nordeste, por exemplo, ficava muito mais caro. "Resolvemos isso
planejando as viagens. Como mais de 60% da carga sai do Sul e Sudeste
para outras regiões e temos uma ociosidade no retorno desses veículos,
aproveitamos para trazer resíduos para reciclagem", concluiu Hudson.
Em outros casos, é preciso buscar alternativas, como a da Wise
Waste, empresa recém-criada, que cresceu 300% no último ano. A entrante
investiu em novas cooperativas de reciclagem no Nordeste para viabilizar
a reciclagem de alguns materiais. "Praticamente 70% dos resíduos
plásticos e de papel são produzidos no Nordeste", explicou Chicko Sousa,
sócio da empresa, que desenvolve produtos a partir de resíduos. "A
logística inviabilizava a reciclagem. O quilo do papel é vendido a R$
0,20 e o transporte do Nordeste ao Sul custa R$ 0,30", concluiu.
"Por isso temos a aplicação da economia circular. Nós
utilizamos estruturas já existentes, que estão subutilizadas, fazemos um
link da cooperativa a um reciclador local e desse reciclador a um
revendedor local. Eliminamos a capacidade ociosa de estruturas já
existentes e viabilizamos a venda", arrematou Sousa.
Hoje, a Wise Waste proporciona economia de até 15% à principal cliente, a gigante P&G, com a compra de novos displays, fabricados com resíduos de pós-consumo da própria empresa.
"Nós desenvolvemos os produtos com resíduos de pós consumo da empresa e vendemos de volta para a própria P&G com um preço abaixo do de um produto comum. Isso é possível porque a resina que reciclamos, por exemplo, é 40% mais barata que a resina virgem", contou Sousa.
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